PÁLIDO como a noite que empalidece
No pavilhão de pérola-pura da aurora,
Eu espero por ti, com meu peito de pombo
Estremecendo, um deus seu convidado cruel ---
Eu não pintei as minhas unhas de dourado
E meus lábios de cinabre?
Eu não estou totalmente despido
Das ações e pensamentos que te obscurecem?
Eu espero por ti, minha alma perturbada
Com dor por algum nada desconhecido
Em sua cripta mais arcana ---
Eu não estou apto a suportar-te?
Cingido ao redor dos mamilos
Com um cinto dourado de glória,
Tu esperas por mim, teu escravo que sou,
Como um lobo espreita por um cordeiro branco perdido?
A corrente das estrelas rompe,
E o profundo da noite está esbranquiçado!
Tu cuja boca é uma chama
Com sua espada de sete gumes prosseguindo,
Vinde! Eu estou me contorcendo com desespero
Como uma serpente pêga em uma armadilha,
Gemendo o nome místico
Até que a minha língua esteja rasgada e sangrando!
Eu não pintei as minhas unhas de dourado
E meus lábios de cinabre?
Sim! tu és eu; a ação desperta:
Teu raio cai, teu trovão rompe
Feroz como a noiva que se lamenta
No pavilhão emplumado do noivo!
ALEISTER CROWLEY
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