segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Buda - Da noite dos tempos para a Consciência Real




O Buda* não surgiu da noite para o dia. Pelo contrário, Ele emergiu da noite dos tempos - das trevas do ego para a iluminação.
Assim como a flor de lótus, que, mesmo tendo suas raízes no lodo, projeta-se para o alto, para além de seus limites, buscando a luz do sol acima da superfície da água, o Buda transcendeu os seus limites e encontrou a Luz.
Ou, melhor dizendo, reencontrou-a em si mesmo.
Contudo, até chegar ao despertar da Consciência Real, Ele ralou muito e atravessou diversos conflitos ao longo da travessia das vidas seriadas, na Terra e também em outros orbes e planos da Vida Universal.
Ah, quanta dor Ele sentiu na jornada de sua ascensão consciencial...
E, talvez, em algum momento, Ele também tenha duvidado de si mesmo e pensado em desistir de tudo.
Sim, até mesmo um Buda um dia chorou...
Mas, de alguma forma, Ele escutou seu coração e persistiu em sua ascese consciencial - e dentro d'Ele brotou uma firmeza de propósito - o chamado da Paz.
E Ele continuou caminhando na senda da Luz, mesmo acossado por diversas pressões, do mundo dos homens, do mundo espiritual, e do seu próprio ego.
Ah, Ele se tornou um Buda porque caminhou... E a senda era dentro d'Ele mesmo.
E quando Ele reencontrou a Luz, simplesmente aceitou-a.
E não se sabe se Ela o abraçou, ou Ele a Ela... Porque, na fusão do homem com a Luz, desaparece toda noção de diferença e só permanece o Estado Búdico do Ser.
Certa vez, um mentor extrafísico** me disse que, no momento de sua iluminação, embaixo da árvore Bo, Sidarta Gautama mais parecia um sol.
Houve uma explosão de Luz serena e silenciosa em seu coração, e a energia suavemente ascendeu até o topo de sua cabeça, onde o lótus das mil pétalas*** floresceu no despertar da Consciência Real.
Segundo ele, a aura**** do Buda irradiou puro Amor, e encheu a aura do planeta de Paz silenciosa. O mundo não percebeu, mas os devas***** registraram esse momento e, até hoje, eles ensinam que, assim como o despontar da Luz da aurora na linha do horizonte não faz barulho algum, o despertar da Consciência Real também não tem som.
Ou seja, a ação da Luz é silenciosa e serena.
Portanto, o trabalho do Buda também é silencioso.
Invisivelmente, Ele abraça a humanidade, e a aura planetária se torna mais brilhante. E, felizes são aqueles que sentem o Seu abraço sutil.
Sim, felizes, porque sabem que, para além das luzes ilusórias do mundo, há uma Luz que brilha mais do que bilhões de sóis juntos - e que é a essência da Alma.
Essa é a Luz do coração.

P.S.:
Ah, não faz barulho!
É Amor sereno...
E inspira o despertar da Consciência Real.
É pura Luz...
E faz o homem tornar-se Buda!
E quem, em seu coração, compreende isso, realmente compreende.

:: Wagner Borges ::

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Hino a Pã



ephrix erõti periarchés d' aneptoman
iõ iõ pan pan
õ pan pan aliplankte, kyllanias chionoktypoi
petraias apo deirados phanéth, õ
theõn choropoi anax
SOPH. AJ.









Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente - do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão -
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!

Fonte

Traduzido por Fernando Pessoa

sexta-feira, 13 de maio de 2011


O crescimento interior é o maior desafio da vida. Por essa razão, muitos preferem continuar no estágio imaturo, apoiados em muletas, que tanto podem ser outros seres humanos, como as ilusões em que a mente lhes faz acreditar.

Uma das principais a que se apegam, é a de que não possuem a força necessária para se transformarem, pois são fracos e incapazes. Muitas vezes estas foram frases ouvidas durante o seu desenvolvimento e, por essa razão se transformaram em crenças, que foram incorporadas como verdades absolutas.

Quebrar estes condicionamentos a que todos fomos expostos, não é fácil, pois exige muita determinação e coragem. E, principalmente, uma disposição inabalável de ser feliz.

Se você acredita plenamente que tem este direito, e o considera algo que ninguém pode lhe roubar, certamente terá toda a energia necessária para conquistá-lo.

Muitas pessoas acreditam que felicidade é uma espécie de troféu, que somente alguns vieram qualificados para conquistar. Mas, é possível, sim, para qualquer ser humano, vivenciar um estado interior de alegria, independente dos julgamentos exteriores.

Ele precisa direcionar o seu olhar em outra direção, para dentro de si, onde encontrará a fonte original de harmonia e paz que todos trouxemos quando chegamos ao mundo.

Ela está sempre presente, mas é sufocada pelas falsas verdades que nos foram impostas e que nós, inconscientemente, assimilamos. Agora é preciso que façamos o caminho de volta, libertando-nos dos condicionamentos para que possamos encontrar nossa face original.

"Depende de cada pessoa o que ela gostaria de fazer com a sua vida. A vida não é preordenada. Ela é uma oportunidade. O que você fará com ela depende de você. Essa liberdade é a prova de que você é uma alma, essa liberdade é a dignidade de você ser uma alma.
Ter uma alma significa que você tem o poder de escolher o que você quer fazer. E a coisa interessante é que você pode ter passado por alguns atos e situações milhares de vezes e, ainda assim, você pode sair fora disso, livrar-se disso, neste exato momento, se você assim decidir.
Mas o que acontece é que a mente tem a tendência de seguir o curso que oferece a menor resistência.
...Religiosidade é a capacidade de decidir. É um esforço para fazer com que as coisas aconteçam diferentemente de como têm acontecido sempre. É uma escolha, uma determinação. Repetir o que tem acontecido sempre até ontem, pode ser evitado através dessa compreensão".

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Yamaka Vagga


1. A mente é o precursor de (todos os maus) estados. A mente é o chefe; são todos confeccionados pela mente. Se a pessoa falar ou agir a partir de uma mente má, por causa disso, o sofrimento segue a pessoa, assim mesmo como a roda segue o casco do boi de puxar carroça.

2. A mente é o precursor de todos os bons estados. A mente é o chefe; são todos confeccionados pela mente. Se a pessoa age ou fala com uma mente pura, por causa disso, a felicidade segue a pessoa, assim como a sombra que nunca vai embora.

3. “Ele me fez mal, ele me bateu, ele me derrotou, ele me roubou”, naqueles que dão guarida a tais pensamentos, o ódio não é apaziguado.

4. “Ele me fez mal, ele me bateu, ele me derrotou, ele me roubou”, naqueles que não dão guarida a tais pensamentos o ódio é apaziguado.

5. Ódios nunca cessam pelo ódio nesse mundo; através somente do não-ódio1 eles cessam. Essa é uma lei eterna2.

6. Os outros não sabem que nessa briga nós morremos; aqueles que percebem isso têm suas brigas acalmadas com isso.

7. Aquele que vive contemplando coisas agradáveis, com os sentidos desregulados, imoderados na comida, indolentes, inativos, esse verdadeiramente Mara3 derruba, assim como o vento derruba um vento fraco.

8. Aquele que vive contemplando “as impurezas”4, com os sentidos regulados, moderado na comida, cheio de fé5, cheio de energia sustentada, esse Mara não derruba, como o vento não derruba uma montanha de pedra.

9. Quem quer que, cheio de máculas, sem auto-controle e verdade, envergue o manto amarelo6, não é digno dele.

10. Aquele que é livrado de toda mácula, está bem estabelecido em morais e agraciado com auto-controle e verdade, é de fato digno do manto amarelo.

11. No que não é essencial eles imaginam o essencial, no essencial vêem o não essencial – aquele que dão guarida a tais pensamentos errados nunca realizam a essência.

12. O que é essencial7 eles vêem como não essencial8, o que é não essencial eles vêem como não essencial, - aqueles que dão guarida a tais pensamentos corretos9 realizam a essência.

13. Assim como a chuva penetra uma casa de telhado furado, assim a cobiça penetra uma mente não cultivada.

14. Assim como a chuva não penetra uma casa de telhado sólido, assim a cobiça não penetra uma mente bem cultivada10.

15. Aqui ele se lamenta, no além ele se lamenta. Em ambos estados aquele que faz o mal se lamenta. Ele se lamenta, fica aflito, percebendo a impureza de suas próprias ações.

16. Aqui ele se alegra, no além se alegra. Em ambos estados aquele que faz o bem se alegra. Ele se alegra, alegra muito, percebendo a pureza de suas próprias ações.

17. Aqui ele sofre, no além ele sofre. Em ambos estados aquele que faz o mal sofre. “Fiz o mal”, pensando assim, ele sofre. Além disso, ele sofre, tendo se colocado a um estado cheio de dores11.

18. Aqui ele é feliz, no além ele é feliz. Em ambos estados aquele que faz o bem é feliz. “Eu fiz o bem”, pensando assim ele é feliz. Além disso, ele é feliz, tendo se colocado num estado cheio de felicidade.

19. Apesar dele recitar muito os Textos Sagrados12, mas não age de acordo, esse homem descuidado é como o tangedor de gado que conta os bois dos outros. Ele não partilha dos frutos13 da Vida Sagrada14.