quinta-feira, 29 de março de 2018

O Segredo Terrível


Há verdades que devem ser para sempre misteriosas para os fracos de espírito e para os tolos.
E estas verdades podem ser-lhes ditas sem temor. Pois certamente jamais as compreenderão.

Que é um tolo? Um tolo é uma coisa mais absurda que uma besta. É o homem que quer chegar antes de ter andado.
É o homem que se julga senhor de tudo só porque chegou a alguma coisa.
É um matemático que despreza a poesia.
É um poeta que protesta contra os matemáticos.
É um pintor que diz que a teologia e a cabala são inépcias, porque nada entende de cabala e teologia.
É o ignorante que nega a ciência sem ter o trabalho de estudá-la.
É o homem que fala sem saber e afirma sem certeza. São os tolos que matam os homens de gênio.
Galileu foi condenado, não pela Igreja, mas por tolos que, infelizmente, pertenciam à Igreja.
A tolice é um animal feroz que tem a calma da inocência; assassina sem remorso.
O tolo é o urso da fábula de La Fontaine; esmaga a cabeça do seu amigo debaixo de uma pedra para caçar uma mosca; porém, diante da catástrofe, não procureis fazer-lhe confessar que errou. A tolice é inexorável e infalível como o inferno e a fatalidade, pois é sempre dirigida pelo magnetismo do mal.

O animal nunca é tolo enquanto age franca e naturalmente como animal, porém o homem ensina a tolice aos cães e aos burros sábios. O tolo é o animal que despreza o instinto e que aparenta inteligência.

O progresso existe para o animal; pode-se dominá-lo, prendê-lo, excitá-lo.
Porém, não existe para o tolo. Porque o tolo julga que nada tem a aprender. É ele que quer reger e educar aos outros e com ele nunca tereis razão. Ele vos escarnece à vista, dizendo que o que não compreende é radicalmente incompreensível. De fato, por que não o compreenderei eu? Ele vos dirá com admirável aprumo. E nada mais tendes a lhe responder. Dizer-lhe que é um tolo seria apenas fazer-lhe um insulto. Todos vêem, porém ele jamais o saberá.

Eis, pois, um já formidável arcano inacessível à maioria dos homens. Eis aí um segredo que jamais adivinharão e que seria inútil dizer-lhes: o segredo da tolice deles.

Sócrates bebe a cicuta, Aristides é proscrito, Jesus é crucificado, Aristófanes se ri de Sócrates e faz rirem os tolos de Atenas; um camponês se aborrece de ouvir dar a Aristides o nome de Justo e Renan escreve a vida de Jesus para o maior prazer dos tolos. É por causa do numero quase infinito dos tolos que a política é e será sempre a ciência da dissimulação e da mentira. Maquiavel ousou dizê-lo e foi ferido por uma reprovação bem legítima, pois, fingindo dar lições aos príncipes, ele traía a todos e os denunciava à desconfiança das multidões. Aqueles que somos obrigados a enganar não devemos prevenir.

É por causa das vis e tolas multidões que Jesus dizia aos seus discípulos: “Não lanceis pérolas aos porcos, pois eles as calcariam aos pés e se voltariam contra vós, procurando despedaçar-vos”.

Vós, portanto, que desejai tornar-vos poderosos em obras, nunca digais a alguém o vosso pensamento mais secreto. Nem mesmo o digais, e quase ousaria dizer-vos, escondei-o sobretudo à mulher a quem amais; lembrai-vos da história de Sansão e Dalila!

Desde que uma mulher julga conhecer a fundo seu marido, ela cessa de amá-lo. Quer governá-lo e dirigi-lo. Se resiste, ela o odeia; se cede, ela o despreza. Procura um outro homem para penetrar. A mulher tem sempre necessidade do desconhecido e do mistério e seu amor geralmente não é mais que uma insaciável curiosidade.

Porque são os confessores poderosos sobre a alma e quase sempre sobre o coração das mulheres? É que sabem todos os seus segredos, ao passo que as mulheres ignoram os dos confessores.

A franco-maçonaria é poderosa no mundo pelo seu terrível segredo tão prodigiosamente guardado, que os iniciados, mesmo os dos mais altos graus, não o sabem.

A religião católica se impõe às multidões por um segredo que o próprio papa não sabe. Este segredo é o dos mistérios. Os antigos gnósticos o sabiam como indica o nome deles, porém não souberam guardar silêncio. Quiseram vulgarizar a gnose; resultaram daí doutrinas ridículas que a Igreja teve razão de condenar. Porém, com eles infelizmente foi condenada a porta do santuário oculto e lançaram suas chaves no abismo.

É aí que os Joanitas e os Templários ousaram ir buscá-las com risco da danação eterna. Mereceriam eles, por isso, serem condenados no outro mundo? Tudo o que sabemos é que, neste mundo, os Templários foram queimados.
A doutrina secreta de Jesus era esta:

Deus tinha sido considerado como um senhor e o príncipe deste mundo era o mal; eu, que sou o filho de Deus, vos digo: não procuremos Deus no espaço; ele está nas nossas consciências e nos nossos corações. Meu pai e eu somos um e quero que vós e eu sejamos um. Amemo-nos uns aos outros como irmãos. Não tenhamos mais que um coração e uma alma. A lei religiosa é feita para o homem, e o homem não é feito para a lei. As prescrições legais estão submetidas ao livre arbítrio da nossa razão unida à fé. Crede no bem e o mal nada poderá sobre vós.

Quando vos reunirdes em meu nome, meu espírito estará no meio de vós. Ninguém dentre vós deve julgar-se mestre dos outros, porém todos devem respeitar a decisão da assembléia. Todo homem deve ser julgado conforme as suas obras e medido conforme a medida que fez para si. A consciência de cada homem constitui sua fé e a é do homem é o poder de Deus nele.

Se sois senhor de vós mesmo, a natureza vos obedecerá e governareis os outros. A fé dos justos é mais inabalável que as portas do inferno e sua esperança jamais será confundida.

Eu sou vós e vós sois eu, no espírito de caridade que é o nosso e que é Deus. Crede isto e vosso verbo será criador. Crede isto e fareis milagres. O mundo vos perseguirá e fareis a conquista do mundo.

As velhas sociedades fundadas sobre a mentira perecerão; um dia, o filho do homem pairará sobre as nuvens do céu, que são as trevas da idolatria, e fará um juízo definitivo sobre os vivos e os mortos.

Desejai a luz, pois ela se fará. Aspirai à justiça, pois o assassinato provoca o assassinato. É pela paciência e a brandura que vos tornareis senhor de vós mesmos e do mundo.

Entregai agora esta doutrina admirável aos comentários dos sofistas da decadência e polemistas da Idade Média, e daí vereis sair belas coisas. Se Jesus era filho de Deus, como o engendrou Deus? É ele da mesma substância de Deus ou de outra substância? A substância de Deus! Que eterno assunto de disputa para a ignorância presunçosa! Era ele uma pessoa divina ou uma pessoa humana? Tinha ele duas naturezas e duas vontades? Terríveis questões que merecem que as pessoas se excomunguem e se degolem! Jesus tinha uma só natureza e duas vontades, dizem uns; porém, não os escuteis, são hereges; então, duas naturezas e uma vontade? Não, duas vontades. Então, estava em oposição consigo mesmo? Não, porque estas duas vontades faziam uma só que se chama Teandrica. Oh! Oh, diante desta palavra não digamos mais nada e, outrossim, é preciso obedecer à Igreja que se tornou muito diferente da primitiva assembléia dos fiéis. A lei é feita para o homem, disse Jesus, porém o homem é feito para a Igreja, diz a Igreja, e é ela que impõe a lei. Deus sancionará todos os decretos da Igreja e condenará a todos vós, se ela decidir que sois todos ou quase todos condenados. Jesus diz que é preciso referir-se à assembléia, portanto, ela é infalível, é Deus, e se ela decide que dois e dois são cinco, dois e dois serão cinco.

Se ela diz que a terá é imóvel e que o sol gira, é proibido à Terra de girar. Ela vos dirá que Deus salva seus eleitos dando-lhes a graça eficaz e que os outros serão condenados por terem recebido somente graças suficientes, as quais, por causa do pecado original, bastavam em principio, porém não eram suficientes em fato. Que o papa salva e condena a quem quer, pois tem as chaves do céu e do inferno. Depois vêm os casuístas com seus molhos de chaves que não abrem, mas fecham com duas ou três voltas as portas dos compartimentos feitos na torre de Babel. Ó Rabelais, meu mestre! Só tu podes trazer a panacéia que convém a toda demência. Uma grande gargalhada! Dize-nos, enfim, a ultima palavra de tudo isso, e ensina-nos definitivamente se uma quimera que arrebenta fazendo ruído no vácuo pode se encher de novo e adquirir bandulho absorvendo a substância quiditativa e merífica das nossas segundas intenções?

Utrum chimera in vacuum bombinans possit concidere secundum intentiones. Outros tolos, outros comentários. Eis que vêm os adversários da Igreja a nos dizer: Deus está no homem, isto quer dizer que não há outro Deus senão a inteligência humana. Se o homem está acima da lei religiosa e esta lei embaraça o homem, porque não suprimiria ele a lei? Se Deus é nós e se nós somos todos irmãos, se ninguém tem o direito de chamar-se nosso senhor, por que obedecemos nós? A fé e a razão dos imbecis. Não acreditemos em nada e não nos submetamos a ninguém.

Pois seja! Isto é altivez. Porém, será necessário baterem-se uns contra os outros. Eis a guerra dos deuses e a exterminação dos homens! Ora! Miséria e tolice!... mais ainda, mais ainda, tolice, tolice e miséria!

“Pai, perdoa-lhes”, dizia Jesus, “porque não sabem o que fazem.”. Pessoas de bom senso, quem quer que sejais, acrescentarei eu, não os escuteis, porque não sabem o que dizem.

Mas então são inocentes, vai gritar um terrível menino. Silêncio, imprudente. Silêncio, em nome do céu, ou toda moral está perdida! Aliás vós vos enganais. Se fossem inocentes, seria permitido fazer como eles e quereríeis vós imitá-los? Crer tudo é uma tolice; a tolice não pode, pois, ser inocente. Se há circunstancias atenuantes, só a Deus pertence apreciá-las.

A nossa espécie é evidentemente defeituosa e, ao ouvir falar e ver agir a maioria dos homens,me parece que não têm bastante razão para serem seriamente responsáveis. Ouvi falar na Câmara dos homens que a França (o primeiro país do mundo) honrará com a sua confiança. Eis aqui o orador da oposição. Eis o campeão do ministério. Cada qual prova vitoriosamente que o outro nada entende dos negócios do Estado. A prova que B é um idiota, B prova que A é um saltimbanco. A quem dar crédito? Se fordes branco, acreditareis em A; se fordes vermelho, acreditareis em B. Porém, a verdade, meu Deus! A verdade! – A verdade é que A e B são charlatões e mentirosos.

Desde que existiu uma dúvida entre eles, provaram que um e outro nada valiam. Admiro a prova e admiro a ambos nesta demolição mútua. Encontra-se tudo nos livros, exceto o que ordinariamente o autor quis pôr neles. Riem-se da religião como uma impostura e mandam-se as crianças à igreja. Ostenta-se cinismo e tem-se superstição. O que se teme acima de tudo é o bom senso, é a verdade, é a razão.

A vaidade pueril e o sórdido interesse levam os homens pelo nariz, até a morte, este esquecimento definitivo e motejador supremo. O fundo da maior parte das almas é a vaidade. Ora, que é a vaidade? É o vácuo. Multiplicai os zeros quantas vezes quiserdes, sempre valerão zero; amontoai nadas e a nada chegareis, nada, nada. Nada, eis aí o programa da maioria dos homens!
E estes são os imortais! E estas almas, tão ridiculamente enganadoras e enganadas são imperecíveis! Para todos estes estouvados, a vida é uma armadilha suprema que encobre o inferno! Oh! Há certamente aqui um segredo terrível: é o da responsabilidade. O pai responde por seus filhos, o senhor pelos seus sevos e o homem inteligente pela multidão ignorante. A redenção se realiza por todos os homens superiores, a tolice sofre, porém só o espírito expia.

A dor do verme que é esmagado e da ostra que é despedaçada não são expiações.

Sabe, pois, ó tu que queres ser iniciado nos grandes mistérios, que fazes um pacto com a dor e afrontas o inferno! O abutre, o Prometeida, te olha, e as Fúrias dirigidas por Mercúrio preparam cunhas de madeiras e cravos. Vais ser sagrado, isto é, consagrado ao suplício. A humanidade tem necessidade dos teus tormentos.

O Cristo morreu jovem numa cruz e todos aqueles a quem iniciou foram mártires. Apolônio de Tiana morreu pelas torturas que sofreu nas prisões de Roma. Paracelso e Agripa levaram uma vida errante e morreram miseravelmente. Guilherme Postello morreu preso. São Germano e Cagliostro tiveram um fim misterioso e provavelmente trágico. Cedo ou tarde é preciso satisfazer ao pacto quer formal, quer tácito. É preciso libertar-se do imposto que a natureza estabeleceu sobre os milagres. É preciso ter uma luta final com o diabo, desde que se tomou a liberdade de ser Deus.

Eritis sicut dii scientes bonum et malum.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

ALQUIMIA ROSACRUZ E A ORDEM HERMÉTICA DA AURORA DOURADA



Muitas pessoas, quando pensam na Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn), imediatamente pensam em "Magia" ou "Magia(k)" (Magick). Outros se surpreenderiam ao inteirar-se que a Golden Dawn não é, nem tem sido jamais uma Ordem "mágica". É na troca com a Ordem Interna por detrás da Golden Dawn, que a Ordo Rosae Rubeae et Aureae Crucis (R.R. e A.C.) desde o principio tem sido uma depositaria da tradição espiritual rosacruz. Ademais, aquilo que hoje tem sido popularizado como "Magia" ou "Magia(k)" é, na realidade, um desdobramento daquele aspecto da tradição Rosacruz conhecido como "Teurgia".


Antes da fundação da Ordem Interna por detrás da Golden Dawn, a Teurgia nunca antes havia sido o foco principal da tradição espiritual Rosacruz, sem a Alquimia. De resto, a tradição Rosacruz mesma cresceu desde a tradição Alquímica. O verdadeiro lugar da Teurgia dentro da tradição Rosacruz tem sido sempre como disciplina complementar a Alquimia.


A Alquimia era parte do curriculum estudado pelos membros da Ordem Hermética da Golden Dawn; porém, exceto algumas definições muito concisas dadas nas "Knowledge Lectures" sobre vários termos usados na Alquimia, muito pouco tem sido verdadeiramente ensinado sobre Alquimia na Ordem Externa. Na Segunda Ordem da R.R. e A.C. havia somente um curto estudo chamado "Alquimia" escrito em 1890 pelo Frater Sapere Aude (Dr. Wynn Westcott) e registrado como "Rol de Vuelo Nro. VII". O único documento referente a alquimia prática era um documento Z.2 disponível para membros avançados da Ordem Interna. Este documento Z.2 sobre Alquimia é bastante valioso e sumamente interessante, assim trataremos de analisá-lo na segunda parte deste escrito.


Bem agora, no curriculum estudado pelos membros da antiga Golden Dawn, devemos também incluir todos os livros editados por Wynn Westcott em sua Coletânea Hermética porque era considerada como o verdadeiro curriculum de estudo para todos os membros dedicados da Ordem Externa. De resto, esta coleção de livros constituía uma muito valiosa fonte de informação sobre os rituais da Ordem Externa. Entre os tratados publicados na Coletânea Hermética, havia vários sobre Alquimia; eram os seguintes:


- Vol I. Arcanum Hermético por Jean d'Espagnet com notas de Sapere Aude.


- Vol III. Uma breve Investigação sobre a Arte Hermético por "Um Amante de Philaletes" com uma introdução a alquimia e notas por S.S.D.D. (Florence Farr).


- Vol IV. Aesch-Metzareph ou Fogo Purificador da Kabbalah de Rosenroth (traduzido por "Um Amante de Philaletes" - 1714 - com notas por S.A.)


- Vol VII. Euphrates ou as Águas do Este por Eugenius Philalethes (Thomas Vaughan) com um comentário de S.S.D.D. (Florence Farr).


As notas e comentários do Frater S.A. e da Sóror S.S.D.D. sobre estes tratados alquímicos refletem um profundo conhecimento do tema. Não devemos esquecer também que os membros da Golden Dawn podiam consultar a famosa "Biblioteca Hermética Westcott" fundada em 1891 para a conveniência de sua investigação esotérica. Esta Biblioteca Hermética continha vários livros muito pouco conhecidos sobre a Alquimia (em Latim, Alemão, Francês e Inglês) dos quais forneço a lista completa:


- Abraham Eleazar: Uma antiga Obra alquímica, traduzida para o Inglês por W.S. Hunter de um manuscrito alemão.


- Alquimia - 25 tratados alquímicos em Latim.


- Alquimia - Um relato de alguns experimentos sobre mercúrio, prata e ouro em 1782 por J. Price (Oxford, 1782).


- Alquimia - A Ciência do Espiritual e do Material, por Sapere Aude (W. Wynn Westcott) - Londres, 1893.


- Becher - Tripus Hermeticus Fatidicus (três tratados sobre Alquimia) - 1689.


- Borrichius - Hermetis Aegyptiourum et chemicorum sapientia (Hafniae, 1674).


- Bourguet - Lettres philosophiques sur la formation des sels et des cristaux (Amsterdam, 1729).


- Chambon - Traité des métaux et des minéraux (Paris, 1714).


- Combachius - Sal Lumen et Spiritus Mundi Philosophici ou o Amanhecer do Descobrimento (Londres, 1651).


- Flamel, Nicolas - As Figuras Hieroglíficas de 1624 (editado por Wynn Westcott).


- Geber - Seus tratados sobre Alquimia em Latim ilustrados (1682).


- Hitchcock - Comentários sobre a Alquimia e os Alquimistas (Nova York, 1865).


- Kendall - Um apêndice ao Alquimista ignorante.


- Kirwan - Elementos de mineralogia (Londres, 1784).


- Maier Michael - Arcana Arcanissima - Cantilene Intellectuales de Phoenice redivivo - Scrutinum Chymicum (1687) - Symbolica Aureae Mensae (1617).


- Museum Hermeticum (21 tratados alquímicos).


- Paracelsus - Compendio (1567).


- Philalethes Eirénée - Kern der Alchemie (Leipzig, 1685).


- Philalethes Eugenius - Lumen de Lumine ou uma Nova Luz Mágica e o Segundo Lavado (Londres, 1651).


- Resenkreutz Christian - Chymische Hochzeit (Strasburg, 1616).


- Salmon Gillaume - Dictionaire Hermetique (Paris, 1695).


- Salmon - Poligráficos (contém artigos valiosos sobre Alquimia).


- Stuart de Chevalier - Discours philosophiques sur les 3 Principes Alchimiques (Paris, 1781).


- Valentine Basile - O Carro Triunfante do Antimônioi


Como demonstra esta lista, o Dr. Westcott estava profundamente interessado e a Alquimia; de resto, um exame de seu Mapa dos Céus mostra vários graus simbólicos egípcios conectados com a alquimia e a medicina. Os membros da Ordem podiam também ler proveitosamente todos os artigos escritos pelo erudito Arthur E. Waite (Frater Sacramentum Regis) sobre alquimia, por exemplo:


- "Que é a Alquimia?" (no Unknown World Review - 1894)


- "Thomas Vaughan e sua Lúmen de Lumine" (uma introdução a edição de Lúmen de Lumine ou Uma Nova Luz Mágica por Thomas Vaughan - 1910).


- "Um Apocalipse Hermético" (no Occult Review, Vol 17, 1913).


- "Alquimia Cabalística" (no Journal of the Alchemical Society, Vol 2, 1914).


Todos esses artigos foram editados novamente por R. A. Gilbert em seu livro "Escritos Herméticos de A. E. Waite, os escritos desconhecidos de um místico moderno" (Roots of the Golden Dawn Series, Aquarian Press 1987). Mais que nada, Waite escreveu vários estudos interessantes sobre alquimia, tais como:


- Vidas de Filósofos Alquimistas (1888).


- A Tradição Secreta na Alquimia (1926).


- Raymond Lola (1922).


Waite editou e traduziu também vários tratados alquímicos clássicos:


- Os Escritos Mágicos de Thomas Vaughan (1888).


- Um Léxico de Alquimia ou Dicionário Alquímico por Martinus Rulandus.


- O Museu Hermético Restaurado e Aumentado (1893)


- Um Dourado e Bendito Cofre de Maravilhas da Natureza por Benedictus Figulus.


- O Carro Triunfal do Antimônio por Basilio Valentinus (1893)


- Collectanea Chemica (1893)


- Os Escritos Alquímicos de Edward Kelly (1893)


- Os Escritos Herméticos e Alquímicos de Paracelsus (1894)


- Turba Philosophorum, ou Assembléia dos Sábios (1896)


- As Obras de Thomas Vaughan (1919)


Entre os membros da Golden Dawn, Westcott e Waite não eram os únicos interessados na Alquimia: também estavam Mathers, Florence Farr, William Alexander Ayton, Frederick Leigh Gardner, Dr. Felkin, Dr. Bullock, Allan Bennett e Julian Baker. Entre eles, sabemos que Westcott, Ayton, Felkin, Bennett e Baker podiam praticar a alquimia porque possuíam o conhecimento necessário da química devido as suas profissões (eram químicos ou médicos).

Por Jean-Pascal Ruggiu




domingo, 23 de setembro de 2012

Caos & kundalini




Por:
Bhagwan Shree Rajneesh [Osho].

A existência é energia, o movimento da energia em tantas maneiras e
de tantas formas. No que se refere à existência humana, esta energia
é energia Kundalini. Kundalini é a energia focalizada no corpo humano
e na psiquê humana. Kundalini significa seu potencial total, sua total
possibilidade.
Assim, primeiro de tudo, Kundalini não é uma coisa singular. É
apenas a energia humana como tal. Mas comumente apenas uma parte dela
está funcionando, somente uma parte muito diminuta. E mesmo esta parte
não funciona harmonicamente; está em conflito. Isto é a miséria, a
angústia. Se sua energia pode funcionar harmonicamente, então você
sente prazer, mas se está em conflito ---- se é antagônica a si mesma
---- então você se sente miserável. E toda miséria significa que sua
energia está em conflito e toda felicidade, todo deleite, significa
que sua energia está em harmonia.

Para usar termos psicológicos, o inconsciente está sempre em
conflito com o consciente. O consciente tentará dominá-lo, porque está
sempre em perigo do inconsciente manifestar-se a si mesmo. O
consciente está sob controle e o potencial, o inconsciente, não está.
Você pode manipular o consciente, mas com uma explosão do inconsciente
você estará na insegurança. Você não será capaz de manejá-la. Este é o
medo do consciente. Assim, este é outro conflito maior e mais profundo
do que o primeiro: o conflito entre o consciente e o inconsciente,
entre a energia que se tornou
manifestada e a enegia que quer se manifestar, a batalha entre a Ordem
e o Caos.

O estado ordinário dos seres humanos é anti-Kundalini. A energia
move-se do centro para a periferia, por que esta é a direção para a
qual você está se movendo. Kundalini significa exatamente o oposto.
Forças, energias, movem-se da periferia ao centro. Kundalini significa
a mudança desta situação absurda em direção a uma que tenha significado.
A ciência Kundalini é uma das mais sutis. As ciências físicas estão
preocupadas também com as energias, mas com energias materiais, não a
psíquica. O Yoga está preocupado também com a energia psíquica. É uma
ciência do metafísico, daquilo que é transcendental.
Assim como a energia material, com a qual a ciência está
preocupada, esta energia psíquica pode ser criativa ou destrutiva. Se
não é usada, torna-se destrutiva; se é usada pode se tornar criativa.
Mas pode ser usada não criativamente. A maneira de torná-la criativa é
primeiro entender que você não deveria realizar apenas parte de seu
potencial. Se uma parte está realizada e a remanescente, a maior parte
de seu potencial, está irrealizada, é uma situação que não pode ser
criativa.

O Todo deve ser realizado. Há métodos para realizar o potencial,
para fazê-lo completo, para fazê-lo desperto. Ele está dormindo,
exatamente como uma cobra, eis porque tem sido denominado de
Kundalini: o poder da serpente, uma serpente adormecida. Se você já
viu uma serpente dormindo, é exatamente como isso. Ela está enrolada;
não há movimento de forma alguma. Mas uma serpente pode levantar-se
perfeitamente sobre a cauda. Levanta-se por sua própria energia. Eis
porque a serpente tem sido usada simbólicamente. Sua energia de vida
também está enrolada e adormecida. Mas ela pode tornar-se ereta; pode
tornar-se desperta, com seu potencial completo. Então você será
transformado.
Vida e morte são apenas dois estados de energia. Vida significa
energia funcionando e morte significa energia não funcionando. Vida
significa energia desperta; morte significa energia que novamente ao
sono. Assim de acordo com a Kundalini Yoga, você está, comumente,
apenas parcialmente vivo. A parte da sua energia que se torna
atualizada é a sua vida. A parte remanescente está tão adormecida com
se não existisse.
Mas ela pode ser desperta. Há tantos caminhos para atingir este
supremo. O indivíduo pode ou não falar de Kundalini; é imaterial.
Kundalini é apenas uma palavra. Você pode usar outra palavra.
Kundalini é a fonte original de a vida, mas você está seccionado dela
de tantas formas. Então você converte-se num forasteiro de si mesmo e
não sabe como retornar para casa. Este retorno é a ciência do Yoga. No
que se refere à transformação humana, Kundalini Yoga é a ciência mais
sutil.

terça-feira, 12 de junho de 2012

A Mente

:: Elisabeth Cavalcante ::
Todos aqueles que se iniciam no caminho do autoconhecimento e chegam à prática da meditação sabem que a mente é o principal obstáculo nesta jornada.
Rapidamente descobrem que quanto mais lutam para silenciá-la, mais forte a torrente de pensamentos se apresenta. Alguns mestres do Oriente costumam dizer que a mente é um cavalo selvagem, impossível de ser domado, pois, quanto mais tentamos ter domínio sobre ele, mais ele se rebela e foge de nosso controle. Como fazer, então, para conseguir que o fluxo de pensamentos silencie? A mente é especialista em truques, por essa razão precisamos recorrer ao mesmo método para fazer com que ela deixe de estar no comando.

O segredo é parar de dar energia à mente, e isto só é possível quando mudamos o foco de nossa atenção. Ao invés de nos identificarmos com os pensamentos, emitindo julgamentos sobre eles, devemos assumir a postura do observador sentado à beira de uma estrada, olhando os automóveis que passam. Ele está ali, simplesmente, sem qualquer identificação com o que vê.

Este exercício, quando praticado continuamente, fará com que os pensamentos se tornem cada vez mais escassos, até que desapareçam e fique em seu lugar apenas o silêncio, o vazio. É neste momento que uma nova dimensão de nosso ser começa a ser tocada, sem que seja necessário qualquer esforço ou luta. O relaxamento total e a ausência de expectativas e desejos é o segredo para que adentremos na dimensão da consciência.

Aos poucos, este estado de paz se tornará cada vez mais constante e os insights intuitivos passarão a fazer parte de nosso cotidiano, algo natural, como sempre deveria ter sido. A única maneira de se libertar do sofrimento, é entender que a mente e o ego são aspectos de nossa natureza sobre os quais precisamos ter total domínio, e não o contrário. Mas isto só será possível se nos dispusermos a assumir a posição de mestres de nós mesmos, sem depender de mais ninguém.

"...Seus pensamentos têm de compreender uma única coisa: que você não está interessado neles. No momento em que você tiver firmado isso, você terá alcançado uma grande vitória.

Simplesmente observe. Não diga nada aos pensamentos. Não julgue. Não condene. Não os mande embora. Deixe-os fazer o que quer que estejam fazendo, qualquer ginástica - deixe-os fazerem; você simplesmente observa e desfruta. Trata-se de um belo filme. E você se surpreenderá: simplesmente observando, chega um momento em que os pensamentos não mais estarão presentes, não haverá nada para observar.

Essa é a porta que tenho chamado de nada, de vazio. Por essa porta entra o seu ser verdadeiro, o mestre. E esse mestre é absolutamente positivo; em suas mãos, tudo se transforma em ouro.

...Assim, você não pode fazer nada diretamente com a mente. Você terá que dar umas voltinhas; primeiro você tem de trazer o mestre para dentro. Está faltando o mestre e, durante séculos, o serviçal pensou que ele era o mestre. Simplesmente, deixe o mestre entrar e o serviçal, imediatamente, compreenderá. Basta a presença do mestre e o serviçal cai aos pés do mestre e espera por alguma ordem, qualquer coisa que o mestre queira que seja feito - ele está pronto. A mente é um instrumento tremendamente poderoso. Nenhum computador é tão poderoso quanto a mente do homem - não pode ser, porque ele é feito pela mente do homem. Nada pode ser, porque tudo é feito pela mente humana. Uma única mente humana tem tão imensa capacidade: num pequeno crânio, um cérebro tão pequeno, pode conter todas as informações contidas em todas as bibliotecas da Terra - e essa informação não é tão pequena assim.

...Mas o resultado desse imenso presente ao homem não tem sido benéfico - porque o mestre está ausente e o serviçal está comandando o espetáculo. O resultado é guerras, violência, assassinatos, estupros. O homem está vivendo num pesadelo, e o único meio de sair disso é trazer o mestre para dentro.
Ele está aí, você tem apenas de puxá-lo para si. E a observação é a chave: simplesmente observe a mente. No momento em que não houver nenhum pensamento, imediatamente, você será capaz de se ver - não enquanto mente, mas como algo além, algo transcendental à mente. E uma vez que você esteja sintonizado com o transcendental, então, a mente está em suas mãos. Ela pode ser imensamente criativa. Ela pode fazer, desta própria Terra, o Paraíso. Não há nenhuma necessidade de qualquer Paraíso a ser procurado lá em cima nas nuvens, assim como não há necessidade de se procurar por qualquer inferno - porque o inferno nós já o criamos. Estamos vivendo nele.

...As pessoas ainda continuam pensando que o inferno está em algum outro lugar, debaixo da Terra - e você está vivendo nele... Você pode transformar este inferno em céu se a sua mente puder estar sob a direção do mestre, de sua própria natureza. E trata-se de um processo simples...
Mas não tente diretamente com a mente, caso contrário, você estará entrando numa encrenca. A pessoa pode até entrar na insanidade... Não toque na mente. Primeiramente, apenas descubra onde está o mestre... Deixe o mestre estar presente e a mente funciona como um serviçal, muito perfeitamente.

No Oriente, nós fizemos isso. Gautama, O Buda, poderia ter-se tornado Albert Einstein sem nenhuma dificuldade; ele era um gênio muito maior. Mas toda a sua vida foi devotada à transformação das pessoas, para dentro da consciência, para dentro da compaixão, para dentro do amor, para dentro da bem-aventurança".
OSHO - The Osho Upanishad.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Fugir da dor: um processo que causa ainda mais dor

por Andre Lima - andre@eftbr.com.br Nós, seres humanos, guardamos vários tipos de sentimentos desconfortáveis que ficam acumulados no nosso inconsciente. Mesmo quando estamos atravessando uma ótima fase, por mais que pareça estamos felizes, lá dentro de nós, existem medos e sentimentos ocultos que ficam temporariamente adormecidos: medo de envelhecer, medo de perder alguém, preocupação com os filhos, medo de perder o emprego, preocupações com uma causa na justiça... Além disso, temos aqueles sentimentos guardados do passado: uma mágoa de alguém, um culpa por ter feito algo, alguma rejeição sofrida na infância, a tristeza de uma perda e muitos outros sentimentos. Guardamos uma nuvem de negatividade latente dentro de nós. Para que possamos sobreviver no dia-a-dia, desenvolvemos um mecanismo de ocultar os sentimentos, reprimi-los, não senti-los. É a maneira com a qual lidamos com essas coisas tão incômodas que guardamos. Imagine se durante o seu dia viesse à tona todos os seus pensamentos e sentimentos de medo e outras emoções negativas que você guarda? Para que isso não ocorra damos um jeito de não entrar em contato direto com essa negatividade. Entretanto, mesmo não entrando em contato direto com ela, a negatividade está lá dentro de nós, guardadinha, causando-nos mal-estar. Aquilo que chamamos comumente de "ansiedade" é o sintoma dessa nuvem negativa acumulada dentro de nós. Podemos dizer, então, que a ansiedade é o acúmulo reprimido dessas emoções desagradáveis que não queremos sentir. A nossa tentativa de esquecer ou de não sentir é apenas uma ilusão. Se está lá dentro guardado, mesmo que você nunca pense ou fale sobre aquilo, esta energia provocará sofrimento de qualquer maneira. Imagine, então, uma pessoa que se sentiu rejeitada pelo término de um relacionamento. O sofrimento é intenso no início.Temos que entrar em contato com aquilo em algum nível. Quanto mais profundamente sentirmos toda aquela emoção ruim, mais rapidamente ela será dissolvida. Mas damos sempre um jeitinho de não entrar em contato 100% para evitar sofrimento. Um pedaço daquela rejeição é varrido para os bastidores do inconsciente e soma com outros sentimentos que também foram parar lá. E às vezes ficam por ali até o dia da nossa morte. Usamos vários métodos para não sentir as emoções. Podemos fingir que não estamos sentindo tanto assim e convencer os outros e a nós mesmos que estamos bem, quando na verdade não estamos. A maioria de nós faz isso em algum momento, em alguma profundidade. Outra forma de não sentir é ir buscar um prazer imediato para anestesiar temporariamente o incômodo: comer uma coisa bem gostosa, fumar, beber, drogar-se, fazer sexo, ocupar a mente com algum vício qualquer (trabalhar em excesso, jogar, comprar, ver televisão...). Tudo isso nos faz sentir melhor, mas apenas de forma temporária. Aquilo que está lá dentro não foi devidamente tratado e vai continuar a nos perturbar causando mais ansiedade. Aí, entramos em um círculo vicioso lançando mão novamente dos mecanismos de fuga. Esse processo de fuga acontece às vezes de forma "inocente". Estamos em casa e aí dá uma vontade de comer alguma coisa. Se pararmos para analisar, muitas vezes não é fome, nosso corpo não está precisando de alimento. É que surgiu um desconforto, uma inquietação. São as dores guardadas que não entramos em contato. E aí não olhamos para isso e ativamos imediatamente o mecanismo de fuga, e assim surge uma vontade de comer algo para sentir prazer e anestesiar aquela sensação ruim, pelo menos por alguns minutos. Nesse momento, talvez tenha surgido uma sensação de solidão, medo, ou alguma culpa, enfim, pode ser qualquer coisa, vai variar bastante de um indivíduo para o outro. Ao tentarmos fugir da dor, criamos cada vez mais dor. Ao não querer entrar em contato com emoções negativas, elas crescem. É a partir dessa repressão que surgem problemas cada vez mais graves: obesidade, drogas, compulsões, ansiedade generalizada, depressão, pânico... De forma geral, os homens têm mais dificuldade em se permitir sentir as emoções. A mulher se sente mais livre para se expressar emocionalmente e assim pode se curar mais facilmente. Nos cursos de *EFT, a vasta maioria do público é feminino. O público masculino representa talvez menos de 20% dos frequentadores. O mesmo ocorre na busca por trabalhos terapêuticos que lidam com a parte emocional. Já dizia Renato Russo: "e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor". Quando resolvemos entrar em contato direto com os pensamentos e sentimentos negativos, sejam eles quais forem, veremos que ele são menos aterrorizantes do que pareciam. É preciso ter cuidado para entrar em contato com as emoções de forma lúcida, observando-as para não ser sugado por elas e as alimentar. O aprendizado de como observar de forma lúcida é muito particular, difícil de ensinar e exige prática. Mas basicamente, é preciso reconhecer que toda aquela negatividade é uma nuvem de energia negativa. Não importa o quanto possa parecer real e doloroso, é apenas uma nuvem de energia. Ao reconhecermos isso devemos entrar corajosamente nessa nuvem, permitindo-se sentir todos as sensações desagradáveis e pensamentos que surgem. Sinta, e observe. Esse contato direito faz com a energia se dissolva. Para acelerar dezenas ou mesmo centenas de vezes esse processo de dissolver a energia, utilize a EFT neste momento. Ao aplicar os toques nos meridianos o sofrimento vai sendo liberado de uma forma infinitamente mais rápida. Os processos terapêuticos usam ferramentas para acelerar e encurtar a dissolução da negatividade. E a EFT é um método que dá resultados bem acima da média e torna o sofrimento muito mais breve. No inicio da aplicação da técnica, usamos a chamada "frase de preparação" que diz: "Mesmo que eu sinta essa................. (preencha os pontinhos com o nome da emoção: medo, tristeza, raiva, rejeição, culpa...) eu me aceito profunda e completamente". Essa frase nos ajuda a entrar em contato com a emoção sem nos perdermos. Depois, com a estimulação dos meridianos, a energia vai sendo dissolvida. Podemos utilizar a frase de preparação no nosso dia-a-dia, a qualquer momento, sempre que surgir algo negativo em nossos pensamentos e sentimentos para que possamos entrar em contato de forma mais lúcida e não reprimir a negatividade e nem se deixar ser totalmente sugado por ela. Experimente fazer isso. É provável que você sinta a emoção ficar mais fácil e menos intensa. Ao repetirmos essa frase é como se acordássemos para o fato de que somos muito mais do que as emoções que passam por nós, que elas são apenas nuvens passageiras que logo vão embora.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Buda - Da noite dos tempos para a Consciência Real




O Buda* não surgiu da noite para o dia. Pelo contrário, Ele emergiu da noite dos tempos - das trevas do ego para a iluminação.
Assim como a flor de lótus, que, mesmo tendo suas raízes no lodo, projeta-se para o alto, para além de seus limites, buscando a luz do sol acima da superfície da água, o Buda transcendeu os seus limites e encontrou a Luz.
Ou, melhor dizendo, reencontrou-a em si mesmo.
Contudo, até chegar ao despertar da Consciência Real, Ele ralou muito e atravessou diversos conflitos ao longo da travessia das vidas seriadas, na Terra e também em outros orbes e planos da Vida Universal.
Ah, quanta dor Ele sentiu na jornada de sua ascensão consciencial...
E, talvez, em algum momento, Ele também tenha duvidado de si mesmo e pensado em desistir de tudo.
Sim, até mesmo um Buda um dia chorou...
Mas, de alguma forma, Ele escutou seu coração e persistiu em sua ascese consciencial - e dentro d'Ele brotou uma firmeza de propósito - o chamado da Paz.
E Ele continuou caminhando na senda da Luz, mesmo acossado por diversas pressões, do mundo dos homens, do mundo espiritual, e do seu próprio ego.
Ah, Ele se tornou um Buda porque caminhou... E a senda era dentro d'Ele mesmo.
E quando Ele reencontrou a Luz, simplesmente aceitou-a.
E não se sabe se Ela o abraçou, ou Ele a Ela... Porque, na fusão do homem com a Luz, desaparece toda noção de diferença e só permanece o Estado Búdico do Ser.
Certa vez, um mentor extrafísico** me disse que, no momento de sua iluminação, embaixo da árvore Bo, Sidarta Gautama mais parecia um sol.
Houve uma explosão de Luz serena e silenciosa em seu coração, e a energia suavemente ascendeu até o topo de sua cabeça, onde o lótus das mil pétalas*** floresceu no despertar da Consciência Real.
Segundo ele, a aura**** do Buda irradiou puro Amor, e encheu a aura do planeta de Paz silenciosa. O mundo não percebeu, mas os devas***** registraram esse momento e, até hoje, eles ensinam que, assim como o despontar da Luz da aurora na linha do horizonte não faz barulho algum, o despertar da Consciência Real também não tem som.
Ou seja, a ação da Luz é silenciosa e serena.
Portanto, o trabalho do Buda também é silencioso.
Invisivelmente, Ele abraça a humanidade, e a aura planetária se torna mais brilhante. E, felizes são aqueles que sentem o Seu abraço sutil.
Sim, felizes, porque sabem que, para além das luzes ilusórias do mundo, há uma Luz que brilha mais do que bilhões de sóis juntos - e que é a essência da Alma.
Essa é a Luz do coração.

P.S.:
Ah, não faz barulho!
É Amor sereno...
E inspira o despertar da Consciência Real.
É pura Luz...
E faz o homem tornar-se Buda!
E quem, em seu coração, compreende isso, realmente compreende.

:: Wagner Borges ::

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Hino a Pã



ephrix erõti periarchés d' aneptoman
iõ iõ pan pan
õ pan pan aliplankte, kyllanias chionoktypoi
petraias apo deirados phanéth, õ
theõn choropoi anax
SOPH. AJ.









Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente - do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão -
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!

Fonte

Traduzido por Fernando Pessoa