domingo, 23 de setembro de 2012

Caos & kundalini




Por:
Bhagwan Shree Rajneesh [Osho].

A existência é energia, o movimento da energia em tantas maneiras e
de tantas formas. No que se refere à existência humana, esta energia
é energia Kundalini. Kundalini é a energia focalizada no corpo humano
e na psiquê humana. Kundalini significa seu potencial total, sua total
possibilidade.
Assim, primeiro de tudo, Kundalini não é uma coisa singular. É
apenas a energia humana como tal. Mas comumente apenas uma parte dela
está funcionando, somente uma parte muito diminuta. E mesmo esta parte
não funciona harmonicamente; está em conflito. Isto é a miséria, a
angústia. Se sua energia pode funcionar harmonicamente, então você
sente prazer, mas se está em conflito ---- se é antagônica a si mesma
---- então você se sente miserável. E toda miséria significa que sua
energia está em conflito e toda felicidade, todo deleite, significa
que sua energia está em harmonia.

Para usar termos psicológicos, o inconsciente está sempre em
conflito com o consciente. O consciente tentará dominá-lo, porque está
sempre em perigo do inconsciente manifestar-se a si mesmo. O
consciente está sob controle e o potencial, o inconsciente, não está.
Você pode manipular o consciente, mas com uma explosão do inconsciente
você estará na insegurança. Você não será capaz de manejá-la. Este é o
medo do consciente. Assim, este é outro conflito maior e mais profundo
do que o primeiro: o conflito entre o consciente e o inconsciente,
entre a energia que se tornou
manifestada e a enegia que quer se manifestar, a batalha entre a Ordem
e o Caos.

O estado ordinário dos seres humanos é anti-Kundalini. A energia
move-se do centro para a periferia, por que esta é a direção para a
qual você está se movendo. Kundalini significa exatamente o oposto.
Forças, energias, movem-se da periferia ao centro. Kundalini significa
a mudança desta situação absurda em direção a uma que tenha significado.
A ciência Kundalini é uma das mais sutis. As ciências físicas estão
preocupadas também com as energias, mas com energias materiais, não a
psíquica. O Yoga está preocupado também com a energia psíquica. É uma
ciência do metafísico, daquilo que é transcendental.
Assim como a energia material, com a qual a ciência está
preocupada, esta energia psíquica pode ser criativa ou destrutiva. Se
não é usada, torna-se destrutiva; se é usada pode se tornar criativa.
Mas pode ser usada não criativamente. A maneira de torná-la criativa é
primeiro entender que você não deveria realizar apenas parte de seu
potencial. Se uma parte está realizada e a remanescente, a maior parte
de seu potencial, está irrealizada, é uma situação que não pode ser
criativa.

O Todo deve ser realizado. Há métodos para realizar o potencial,
para fazê-lo completo, para fazê-lo desperto. Ele está dormindo,
exatamente como uma cobra, eis porque tem sido denominado de
Kundalini: o poder da serpente, uma serpente adormecida. Se você já
viu uma serpente dormindo, é exatamente como isso. Ela está enrolada;
não há movimento de forma alguma. Mas uma serpente pode levantar-se
perfeitamente sobre a cauda. Levanta-se por sua própria energia. Eis
porque a serpente tem sido usada simbólicamente. Sua energia de vida
também está enrolada e adormecida. Mas ela pode tornar-se ereta; pode
tornar-se desperta, com seu potencial completo. Então você será
transformado.
Vida e morte são apenas dois estados de energia. Vida significa
energia funcionando e morte significa energia não funcionando. Vida
significa energia desperta; morte significa energia que novamente ao
sono. Assim de acordo com a Kundalini Yoga, você está, comumente,
apenas parcialmente vivo. A parte da sua energia que se torna
atualizada é a sua vida. A parte remanescente está tão adormecida com
se não existisse.
Mas ela pode ser desperta. Há tantos caminhos para atingir este
supremo. O indivíduo pode ou não falar de Kundalini; é imaterial.
Kundalini é apenas uma palavra. Você pode usar outra palavra.
Kundalini é a fonte original de a vida, mas você está seccionado dela
de tantas formas. Então você converte-se num forasteiro de si mesmo e
não sabe como retornar para casa. Este retorno é a ciência do Yoga. No
que se refere à transformação humana, Kundalini Yoga é a ciência mais
sutil.

terça-feira, 12 de junho de 2012

A Mente

:: Elisabeth Cavalcante ::
Todos aqueles que se iniciam no caminho do autoconhecimento e chegam à prática da meditação sabem que a mente é o principal obstáculo nesta jornada.
Rapidamente descobrem que quanto mais lutam para silenciá-la, mais forte a torrente de pensamentos se apresenta. Alguns mestres do Oriente costumam dizer que a mente é um cavalo selvagem, impossível de ser domado, pois, quanto mais tentamos ter domínio sobre ele, mais ele se rebela e foge de nosso controle. Como fazer, então, para conseguir que o fluxo de pensamentos silencie? A mente é especialista em truques, por essa razão precisamos recorrer ao mesmo método para fazer com que ela deixe de estar no comando.

O segredo é parar de dar energia à mente, e isto só é possível quando mudamos o foco de nossa atenção. Ao invés de nos identificarmos com os pensamentos, emitindo julgamentos sobre eles, devemos assumir a postura do observador sentado à beira de uma estrada, olhando os automóveis que passam. Ele está ali, simplesmente, sem qualquer identificação com o que vê.

Este exercício, quando praticado continuamente, fará com que os pensamentos se tornem cada vez mais escassos, até que desapareçam e fique em seu lugar apenas o silêncio, o vazio. É neste momento que uma nova dimensão de nosso ser começa a ser tocada, sem que seja necessário qualquer esforço ou luta. O relaxamento total e a ausência de expectativas e desejos é o segredo para que adentremos na dimensão da consciência.

Aos poucos, este estado de paz se tornará cada vez mais constante e os insights intuitivos passarão a fazer parte de nosso cotidiano, algo natural, como sempre deveria ter sido. A única maneira de se libertar do sofrimento, é entender que a mente e o ego são aspectos de nossa natureza sobre os quais precisamos ter total domínio, e não o contrário. Mas isto só será possível se nos dispusermos a assumir a posição de mestres de nós mesmos, sem depender de mais ninguém.

"...Seus pensamentos têm de compreender uma única coisa: que você não está interessado neles. No momento em que você tiver firmado isso, você terá alcançado uma grande vitória.

Simplesmente observe. Não diga nada aos pensamentos. Não julgue. Não condene. Não os mande embora. Deixe-os fazer o que quer que estejam fazendo, qualquer ginástica - deixe-os fazerem; você simplesmente observa e desfruta. Trata-se de um belo filme. E você se surpreenderá: simplesmente observando, chega um momento em que os pensamentos não mais estarão presentes, não haverá nada para observar.

Essa é a porta que tenho chamado de nada, de vazio. Por essa porta entra o seu ser verdadeiro, o mestre. E esse mestre é absolutamente positivo; em suas mãos, tudo se transforma em ouro.

...Assim, você não pode fazer nada diretamente com a mente. Você terá que dar umas voltinhas; primeiro você tem de trazer o mestre para dentro. Está faltando o mestre e, durante séculos, o serviçal pensou que ele era o mestre. Simplesmente, deixe o mestre entrar e o serviçal, imediatamente, compreenderá. Basta a presença do mestre e o serviçal cai aos pés do mestre e espera por alguma ordem, qualquer coisa que o mestre queira que seja feito - ele está pronto. A mente é um instrumento tremendamente poderoso. Nenhum computador é tão poderoso quanto a mente do homem - não pode ser, porque ele é feito pela mente do homem. Nada pode ser, porque tudo é feito pela mente humana. Uma única mente humana tem tão imensa capacidade: num pequeno crânio, um cérebro tão pequeno, pode conter todas as informações contidas em todas as bibliotecas da Terra - e essa informação não é tão pequena assim.

...Mas o resultado desse imenso presente ao homem não tem sido benéfico - porque o mestre está ausente e o serviçal está comandando o espetáculo. O resultado é guerras, violência, assassinatos, estupros. O homem está vivendo num pesadelo, e o único meio de sair disso é trazer o mestre para dentro.
Ele está aí, você tem apenas de puxá-lo para si. E a observação é a chave: simplesmente observe a mente. No momento em que não houver nenhum pensamento, imediatamente, você será capaz de se ver - não enquanto mente, mas como algo além, algo transcendental à mente. E uma vez que você esteja sintonizado com o transcendental, então, a mente está em suas mãos. Ela pode ser imensamente criativa. Ela pode fazer, desta própria Terra, o Paraíso. Não há nenhuma necessidade de qualquer Paraíso a ser procurado lá em cima nas nuvens, assim como não há necessidade de se procurar por qualquer inferno - porque o inferno nós já o criamos. Estamos vivendo nele.

...As pessoas ainda continuam pensando que o inferno está em algum outro lugar, debaixo da Terra - e você está vivendo nele... Você pode transformar este inferno em céu se a sua mente puder estar sob a direção do mestre, de sua própria natureza. E trata-se de um processo simples...
Mas não tente diretamente com a mente, caso contrário, você estará entrando numa encrenca. A pessoa pode até entrar na insanidade... Não toque na mente. Primeiramente, apenas descubra onde está o mestre... Deixe o mestre estar presente e a mente funciona como um serviçal, muito perfeitamente.

No Oriente, nós fizemos isso. Gautama, O Buda, poderia ter-se tornado Albert Einstein sem nenhuma dificuldade; ele era um gênio muito maior. Mas toda a sua vida foi devotada à transformação das pessoas, para dentro da consciência, para dentro da compaixão, para dentro do amor, para dentro da bem-aventurança".
OSHO - The Osho Upanishad.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Fugir da dor: um processo que causa ainda mais dor

por Andre Lima - andre@eftbr.com.br Nós, seres humanos, guardamos vários tipos de sentimentos desconfortáveis que ficam acumulados no nosso inconsciente. Mesmo quando estamos atravessando uma ótima fase, por mais que pareça estamos felizes, lá dentro de nós, existem medos e sentimentos ocultos que ficam temporariamente adormecidos: medo de envelhecer, medo de perder alguém, preocupação com os filhos, medo de perder o emprego, preocupações com uma causa na justiça... Além disso, temos aqueles sentimentos guardados do passado: uma mágoa de alguém, um culpa por ter feito algo, alguma rejeição sofrida na infância, a tristeza de uma perda e muitos outros sentimentos. Guardamos uma nuvem de negatividade latente dentro de nós. Para que possamos sobreviver no dia-a-dia, desenvolvemos um mecanismo de ocultar os sentimentos, reprimi-los, não senti-los. É a maneira com a qual lidamos com essas coisas tão incômodas que guardamos. Imagine se durante o seu dia viesse à tona todos os seus pensamentos e sentimentos de medo e outras emoções negativas que você guarda? Para que isso não ocorra damos um jeito de não entrar em contato direto com essa negatividade. Entretanto, mesmo não entrando em contato direto com ela, a negatividade está lá dentro de nós, guardadinha, causando-nos mal-estar. Aquilo que chamamos comumente de "ansiedade" é o sintoma dessa nuvem negativa acumulada dentro de nós. Podemos dizer, então, que a ansiedade é o acúmulo reprimido dessas emoções desagradáveis que não queremos sentir. A nossa tentativa de esquecer ou de não sentir é apenas uma ilusão. Se está lá dentro guardado, mesmo que você nunca pense ou fale sobre aquilo, esta energia provocará sofrimento de qualquer maneira. Imagine, então, uma pessoa que se sentiu rejeitada pelo término de um relacionamento. O sofrimento é intenso no início.Temos que entrar em contato com aquilo em algum nível. Quanto mais profundamente sentirmos toda aquela emoção ruim, mais rapidamente ela será dissolvida. Mas damos sempre um jeitinho de não entrar em contato 100% para evitar sofrimento. Um pedaço daquela rejeição é varrido para os bastidores do inconsciente e soma com outros sentimentos que também foram parar lá. E às vezes ficam por ali até o dia da nossa morte. Usamos vários métodos para não sentir as emoções. Podemos fingir que não estamos sentindo tanto assim e convencer os outros e a nós mesmos que estamos bem, quando na verdade não estamos. A maioria de nós faz isso em algum momento, em alguma profundidade. Outra forma de não sentir é ir buscar um prazer imediato para anestesiar temporariamente o incômodo: comer uma coisa bem gostosa, fumar, beber, drogar-se, fazer sexo, ocupar a mente com algum vício qualquer (trabalhar em excesso, jogar, comprar, ver televisão...). Tudo isso nos faz sentir melhor, mas apenas de forma temporária. Aquilo que está lá dentro não foi devidamente tratado e vai continuar a nos perturbar causando mais ansiedade. Aí, entramos em um círculo vicioso lançando mão novamente dos mecanismos de fuga. Esse processo de fuga acontece às vezes de forma "inocente". Estamos em casa e aí dá uma vontade de comer alguma coisa. Se pararmos para analisar, muitas vezes não é fome, nosso corpo não está precisando de alimento. É que surgiu um desconforto, uma inquietação. São as dores guardadas que não entramos em contato. E aí não olhamos para isso e ativamos imediatamente o mecanismo de fuga, e assim surge uma vontade de comer algo para sentir prazer e anestesiar aquela sensação ruim, pelo menos por alguns minutos. Nesse momento, talvez tenha surgido uma sensação de solidão, medo, ou alguma culpa, enfim, pode ser qualquer coisa, vai variar bastante de um indivíduo para o outro. Ao tentarmos fugir da dor, criamos cada vez mais dor. Ao não querer entrar em contato com emoções negativas, elas crescem. É a partir dessa repressão que surgem problemas cada vez mais graves: obesidade, drogas, compulsões, ansiedade generalizada, depressão, pânico... De forma geral, os homens têm mais dificuldade em se permitir sentir as emoções. A mulher se sente mais livre para se expressar emocionalmente e assim pode se curar mais facilmente. Nos cursos de *EFT, a vasta maioria do público é feminino. O público masculino representa talvez menos de 20% dos frequentadores. O mesmo ocorre na busca por trabalhos terapêuticos que lidam com a parte emocional. Já dizia Renato Russo: "e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor". Quando resolvemos entrar em contato direto com os pensamentos e sentimentos negativos, sejam eles quais forem, veremos que ele são menos aterrorizantes do que pareciam. É preciso ter cuidado para entrar em contato com as emoções de forma lúcida, observando-as para não ser sugado por elas e as alimentar. O aprendizado de como observar de forma lúcida é muito particular, difícil de ensinar e exige prática. Mas basicamente, é preciso reconhecer que toda aquela negatividade é uma nuvem de energia negativa. Não importa o quanto possa parecer real e doloroso, é apenas uma nuvem de energia. Ao reconhecermos isso devemos entrar corajosamente nessa nuvem, permitindo-se sentir todos as sensações desagradáveis e pensamentos que surgem. Sinta, e observe. Esse contato direito faz com a energia se dissolva. Para acelerar dezenas ou mesmo centenas de vezes esse processo de dissolver a energia, utilize a EFT neste momento. Ao aplicar os toques nos meridianos o sofrimento vai sendo liberado de uma forma infinitamente mais rápida. Os processos terapêuticos usam ferramentas para acelerar e encurtar a dissolução da negatividade. E a EFT é um método que dá resultados bem acima da média e torna o sofrimento muito mais breve. No inicio da aplicação da técnica, usamos a chamada "frase de preparação" que diz: "Mesmo que eu sinta essa................. (preencha os pontinhos com o nome da emoção: medo, tristeza, raiva, rejeição, culpa...) eu me aceito profunda e completamente". Essa frase nos ajuda a entrar em contato com a emoção sem nos perdermos. Depois, com a estimulação dos meridianos, a energia vai sendo dissolvida. Podemos utilizar a frase de preparação no nosso dia-a-dia, a qualquer momento, sempre que surgir algo negativo em nossos pensamentos e sentimentos para que possamos entrar em contato de forma mais lúcida e não reprimir a negatividade e nem se deixar ser totalmente sugado por ela. Experimente fazer isso. É provável que você sinta a emoção ficar mais fácil e menos intensa. Ao repetirmos essa frase é como se acordássemos para o fato de que somos muito mais do que as emoções que passam por nós, que elas são apenas nuvens passageiras que logo vão embora.